Justiça de SP decreta prisão de Thiago Brennand após ele não se apresentar; empresário acusado de agressão saiu do Brasil

Empresário viajou aos Emirados Árabes em setembro, após se tornar réu por aparecer em vídeo agredindo modelo em academia. Ele tinha até sexta (23) para entregar passaporte, mas não apareceu. Justiça atendeu pedido do Ministério Público e decretou prisão preventiva. Promotoria ouvirá mais vítimas a partir desta segunda (26).

Justiça de SP decreta prisão de Thiago Brennand após ele não se apresentar; empresário acusado de agressão saiu do Brasil

A Justiça de São Paulo atendeu ao pedido do Ministério Público (MP) e decretou a prisão preventiva de Thiago Brennand Fernandes Vieira após ele não se apresentar até a última sexta-feira (23). O prazo de dez dias para o empresário de 42 anos voltar ao Brasil e entregar seu passaporte terminou na semana passada. Como descumpriu uma decisão judicial, será expedido um mandado de prisão contra ele, que é acusado de agredir uma modelo após discussão numa academia, em agosto.

A informação sobre a decretação da prisão foi apurada pela reportagem nesta terça-feira (27) .

Segundo o Tribunal de Justiça (TJ) informou neste domingo (25) à reportagem, Thiago não compareceu ao fórum onde responde ao processo no qual é réu. Ele responde pelos crimes de lesão corporal e corrupção de menores. A Promotoria o acusa de agredir a modelo e de incentivar o filho dele, menor de 18 anos de idade, a ofendê-la.

O caso foi revelado no mês passado pelo Fantástico, que mostrou o vídeo das agressões, gravado por câmera de segurança da Bodytech. O programa da TV Globo também entrevistou a aluna agredida, Helena Gomes, de 37 anos (veja vídeo abaixo).

Empresário que agrediu mulher em academia de SP sai do país

 

Empresário que agrediu mulher em academia de SP sai do país

Após a repercussão, Thiago foi expulso da academia Bodytech e deixou São Paulo, no dia 3 de setembro, seguindo viagem para Dubai, nos Emirados Árabes. A viagem ocorreu antes de a Justiça aceitar a denúncia do Ministério Público e tornar o empresário réu pelos crimes.

À época, a defesa dele alegou que seu cliente retornaria ao Brasil em 18 de outubro. Até a última atualização desta reportagem o g1 não conseguiu localizar seus advogados para informar se o empresário voltou ao Brasil.

Imagem de câmera de segurança mostra empresário discutindo com mulher instantes antes de agressão — Foto: Reprodução/TV Globo

Imagem de câmera de segurança mostra empresário discutindo com mulher instantes antes de agressão — Foto: Reprodução/TV Globo

O advogado da vítima, Marcio Janjacomo, foi procurado pela reportagem e não quis comentar o assunto. O Ministério Público e o Tribunal de Justiça (TJ) responderam, por meio de suas assessorias de imprensa, que não iriam se manifestar porque o caso está sob sigilo.

"Segunda iremos requisitar ao Ministério Público providências. O Ministério público tem de se pronunciar", chegou a dizer Janjacomo, que já havia feito pedido de prisão preventiva para o empresário anteriormente.

De acordo com o advogado, não há informações oficiais de que o acusado tenha voltado ao país. "[Thiago] não retornou nem entregou [o passaporte]. Ele descumpriu determinação judicial em processo criminal".

Thiago Brennand Fernandes Vieira sem camisa e ao telefone em imagem publicada em rede social — Foto: Reprodução/TV Globo

Thiago Brennand Fernandes Vieira sem camisa e ao telefone em imagem publicada em rede social — Foto: Reprodução/TV Globo

A Justiça paulista obrigou Thiago a retornar a São Paulo num período de dez dias. De acordo com decisão da Justiça do dia 13 de setembro, publicada em 14 de setembro, caso Thiago não voltasse ao Brasil e entregasse seu passaporte no período determinado, ele correria o risco de ser preso preventivamente. O empresário ainda foi proibido de frequentar academias e de se aproximar de testemunhas. Ele ainda não foi interrogado.

 

"Fica o acusado advertido de que o descumprimento de quaisquer das medidas cautelares impostas poderá ensejar a decretação de sua prisão preventiva", informa trecho da decisão judicial.

 

Se a Promotoria pedir a prisão dele, a Justiça decretar e o empresário não se entregar, ele passará a ser considerado foragido.

O Ministério Público de São Paulo também começará a ouvir nesta segunda-feira (26) 11 mulheres que acusam Thiago de estuprá-las. Três delas ainda alegam que o empresário as obrigou a tatuarem as inicias dele, "TFV", em seus corpos.

 

Defesa x acusação

 

Ministério Público denuncia empresário por lesão corporal

Ministério Público denuncia empresário por lesão corporal

Desde o início da repercussão do caso, a defesa de Thiago tem negado as acusações de que o empresário agrediu Helena dentro da academia e de que incitou seu filho a xingar a aluna. Em entrevista ao Fantástico, o empresário chegou a alegar que fez "uso comedido da força" quando puxou os cabelos da aluna.

 

"O vídeo com a Helena, que é uma coisa onde você vê um camarada como eu fazendo uso comedido da força. Não há um tapa, não há uma lesão. A mulher não sofreu uma lesão. Colocaram uma foto de um chumaço de cabelo, uma pantomima. Um chumaço de cabelo. É evidente que o empurrão gerou nada. O que houve ali foi uma contenção e uma resposta certeira. E faria absolutamente tudo de novo", havia dito o empresário ao programa da TV Globo.

 

De acordo com a Justiça, Helena passou a ser perseguida por Thiago depois que ele pediu o número do telefone dela na academia e a convidou para sair para jantar. Como ela não aceitou, o empresário a destratou e a agrediu.

“Neste momento, ele me deu um empurrão. Além dele empurrar daquela forma, ele foi falando vários palavrões”, contou a modelo também em entrevista ao Fantástico. “Ele falou: ‘Vou cuspir em você porque você merece’. E cuspiu em mim”.

Durante as investigações, a Polícia Civil apreendeu acessórios para armas de Thiago dentro de uma mala num armário dele que fica no Centro Equestre do Condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (veja imagem ao final desta reportagem). Uma perícia irá apontar se os equipamentos estão legalizados. Logo após a operação, o Exército suspendeu o certificado de registro de CAC (sigla para colecionador de armas, atirador e caçador desportivo), que permitia a Thiago ser colecionador de armas.

 

Mais 10 vítimas

 

Uma das três mulheres que acusam Thiago Brennand Fernandes Vieira de tatuar as iniciais do nome dele — Foto: Reprodução/Divulgação/Arquivo pessoal

Uma das três mulheres que acusam Thiago Brennand Fernandes Vieira de tatuar as iniciais do nome dele — Foto: Reprodução/Divulgação/Arquivo pessoal

A primeira das novas dez vítimas de Thiago que serão ouvidas nesta segunda pelo Núcleo de Atendimento à Vítima de Violência (NAVV) do Ministério Público será uma mulher que o Fantástico entrevistou em reportagem exibida no dia 5 de setembro. Ao programa, ela contou que Thiago a manteve em cárcere privado, a agrediu, e divulgou um vídeo íntimo dela sem o seu consentimento, além de forçá-la a fazer a tatuagem com as letras do nome do empresário.

O depoimento dela será feito por videoconferência. No caso dessa mulher, serão apurados os crimes de estupro, cárcere, lesão e ameaça. O Ministério Público ainda vai marcar as datas para ouvir as demais mulheres. Alguns dos depoimentos poderão ser presenciais também. Todas as vítimas serão ouvidas exclusivamente pelo NAVV, na cidade de São Paulo.

Os casos acima teriam ocorrido entre 2021 e este ano em Porto Feliz, no interior paulista, onde o empresário tem residência num condomínio de alto padrão. Entre as vítimas, estão mulheres que o conheceram pelas redes sociais ou pessoalmente e tiveram algum contato ou relacionamento com ele.

Fonte https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/09/27/justica-de-sp-decreta-prisao-de-thiago-brennand-apos-ele-nao-se-apresentar-empresario-acusado-de-agress