Planilhas apreendidas na operação Calígula indicam propina pagas a delegacias e batalhões do Rio

Delegado Marcos Cipriano, preso em maio, teve novo pedido de liberdade negado pela Justiça. Listas encontradas pelo Gaeco em aparelhos eletrônicos apreendidos somam mais de R$ 750 mil.

Planilhas apreendidas na operação Calígula indicam propina pagas a delegacias e batalhões do Rio

Planilhas apreendidas na Operação Calígula pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), indicam um grande esquema de pagamento de propina para delegacias e batalhões.

As listas foram encontradas em aparelhos eletrônicos apreendidos há três meses na operação Calígula e somam mais de R$ 750 mil.

Segundo a Justiça, as mídias contêm arquivos complexos – e de cifras milionárias – com sérios indicativos de serem direcionadas ao controle de jogos de azar.

As planilhas têm pagamentos periódicos a diversos órgãos das polícias Civil e Militar.

Uma delas cita as delegacias do Tanque (41ªDP), da Taquara (32ªDP), da Praça Seca (28ªDP) e do Recreio dos Bandeirantes (42ªDP). Cita também especializadas, como as delegacias da Mulher (Deam), de Defraudações, Homicídios, Combate às Drogas (Decod), Crimes de Informática (DRCI), de Apoio ao Turismo (Deat) e de Atendimento ao Idoso (veja na imagem acima).

A lista também cita os batalhões da PM de Jacarepaguá, Rocha Miranda e Recreio dos Bandeirantes.

O repasse mensal chega a quase R$ 130 mil.

Delegado Marcos Cipriano, preso na Operação Calígula, teve pedido de liberdade negado — Foto: Reprodução

Delegado Marcos Cipriano, preso na Operação Calígula, teve pedido de liberdade negado — Foto: Reprodução

Uma segunda planilha detalha outros gastos da quadrilha. o maior valor é com segurança: R$ 167 mil.

Para a Justiça, esses novos arquivos mostram o alinhamento da quadrilha com diversos órgãos responsáveis pela segurança pública no estado – tudo por meio de atos de corrupção sistémica – e que existem outros possíveis integrantes da quadrilha que não foram alvo da operação.

O documento também destaca que as planilhas são de períodos anteriores e que não estão relacionadas às atuais gestões de delegacias e batalhões de polícia.

A operação Calígula foi realizada no início de maio para prender uma quadrilha ligada ao jogo do bicho e a caça-níqueis, que seria chefiada pelo bicheiro Rogério Andrade e pelo filho dele, Gustavo Andrade.

Eles estavam foragidos, mas foram presos no início do mês em uma casa em Itaipava.

Segundo as investigações, pai e filho abriram várias casas de apostas e bingos pela cidade do Rio. Uma delas era administrada pelo policial militar reformado Ronnie Lessa, preso denunciado pela mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes.

Os investigadores dizem que Ronnie Lessa era quem fazia a ponte entre Rogerio e Gustavo com policiais civis e militares que recebiam propina para facilitar a prática dos jogos ilegais.

 

Pedido de liberdade negado a delegado

 

Como os dois delegados presos: Marcos Cipriano e Adriana Belém.

A defesa de Cipriano pediu novamente à Justiça a revogação da prisão preventiva do delegado, mas o pedido foi negado pelo juiz Bruno Monteiro Ruliére, da 1ª Vara Criminal Especializada da Comarca da Capital.

Fonte:https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/08/18/planilhas-apreendidas-na-operacao-caligula-indicam-propina-pagas-a-delegacias-e-batalhoes-do-rio.ghtml