Hamilton celebra condenação de Piquet por racismo e homofobia

Heptacampeão comemorou decisão da 20ª Vara Cível de Brasília, que acatou processo do Ministério Público do Distrito Federal: "Não há lugar para isso em nossa sociedade"

Hamilton celebra condenação de Piquet por racismo e homofobia

Nove meses após falas racistas e homofóbicas sobre Lewis Hamilton proferidas por Nelson Piquet se tornarem conhecidas, o tricampeão da F1 foi condenado na última sexta-feira a pagar R$ 5 milhões destinados a entidades de promoção da igualdade racial e combate à LGBTQIA+fobia. Questionado sobre o processo, o heptacampeão da Mercedes comemorou a decisão da Justiça.

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- Logo que isso aconteceu, eu comentei sobre isso e ainda acredito que não devemos dar atenção para essas pessoas cheias de ódio. Mas eu gostaria de reconhecer o que o governo do Brasil fez, é impressionante que tenham responsabilizado alguém e mostrado às pessoas que isso não é tolerado. Racismo e homofobia não são aceitáveis, não há lugar para isso em nossa sociedade. Por isso, amo que tenham mostrado que eles se posicionam - comentou Hamilton, no GP da Austrália.

 

 

 

 

Lewis Hamilton participa de entrevistas no GP da Austrália da F1 2023 — Foto: Martin KEEP / AFP

As falas de Piquet foram retiradas de uma entrevista de 2021, que viralizou na internet apenas em junho passado. Nela, o ex-piloto brasileiro, tricampeão mundial, chama Hamilton duas vezes de "neguinho", ao opinar sobre a batida do heptacampeão com seu genro, o bicampeão Max Verstappen, no GP da Inglaterra de 2021.

- O "neguinho" meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. O Senna não fez isso. Ele foi, assim, "aqui eu arranco ele de qualquer maneira". O "neguinho" deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem - disse Piquet na entrevista.

 

 

 

As reações foram quase imediatas. Hamilton debochou do ex-piloto ao compartilhar um tweet que questiona quem é Piquet, mas cobrou por mudança de mentalidade e combate efetivo ao racismo. F1, Federação Internacional do Automobilismo (FIA) e rivais do britânico e da Mercedes se posicionaram.

Nelson Piquet, ex-piloto brasileiro de F1, proferiu falas racistas e homofóbicas contra Lewis Hamilton — Foto:  Janos Marjai/MTI via AP

Nelson Piquet, ex-piloto brasileiro de F1, proferiu falas racistas e homofóbicas contra Lewis Hamilton — Foto: Janos Marjai/MTI via AP

Dias depois, outro fragmento do vídeo tomou a internet: nele, Piquet ofende o antigo rival Keke Rosberg (campeão da F1 em 1982 e pai de Nico Rosberg, colega e adversário de Hamilton de 2013 a 2016) e tem uma fala homofóbica, sugerindo que Hamilton foi derrotado por Nico no campeonato de 2016 por "estar dando mais c...".

Entidades de promoção da diversidade racial e da comunidade LGBTQIA+ processaram Piquet, ação acatada pelo Ministério Público do Distrito Federal (MP-DTF). No começo de março, o órgão pediu pela condenação do ex-piloto, confirmada por sentença do juiz Pedro Matos de Arruda.

"Esta ofensa é intolerável. Mais ainda quando se considera a projeção que é dada quando é uma pessoa tão reconhecida e tão admirada como o réu. Assim, tenho que o dano moral coletivo está caracterizado, porque houve ofensa grave aos valores fundamentais da sociedade. Desta forma, considerando que o réu se propôs a pagar mais de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para ajudar na campanha eleitoral de um candidato à presidência da república (Jair Bolsonaro), objetivando certamente a melhoria do país segundo as suas ideologias, nada mais justo que fixar a quantia de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) – que é o valor mínimo de sua renda bruta anual – para auxiliar o país a se desenvolver como nação e para estimular a mais rápida expurgação de atos discriminatórios", declara o magistrado na sentença.

Nelson Piquet é alvo de ação judicial por falas racistas e homofóbicas contra Lewis Hamilton — Foto: GEPA pictures / Red Bull Content Pool

 

Hamilton, que se posicionou na última semana contra a aprovação de uma lei que criminaliza a homossexualidade em Uganda, país do Leste da África, disse ainda que outras nações deveriam seguir o exemplo da Justiça brasileira.

- Gostaria que outros governos fizessem isso, como você viu na Uganda. Ainda há mais uns 30 países na África e Oriente Médio (que criminalizam homossexualidade), há muito o que se pode aprender disso - reforçou o heptacampeão.

Fonte https://ge.globo.com/motor/formula-1/noticia/2023/03/31/hamilton-celebra-condenacao-de-piquet-por-racismo-e-homofobia.ghtml