Fed lança plano de emergência para evitar dia “sangrento” no mercado
Fed, o Banco Central dos Estados Unidos, age rápido e anuncia linha de empréstimo de emergência após falência do Silicon Valley Bank (SVB)
O Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) anunciou, por meio de um comunicado divulgado na noite de domingo (12/3), uma linha de empréstimo de emergência para fortalecer o sistema bancário, em meio aos temores de uma segunda-feira “sangrenta” no mercado financeiro.
A autoridade monetária americana decidiu agir rápido diante do processo de falência do Silicon Valley Bank (SVB), avaliado em US$ 40 bilhões (cerca de R$ 200 bilhões). O banco, que era especializado no segmento de startups e empresas de tecnologia, ficou sem caixa após uma corrida de saques de clientes.
Oficialmente, o SVB foi a maior instituição financeira dos EUA a entrar em falência desde o caso do Lehman Brothers, de 2008. Na ocasião, a derrocada do banco criou uma crise no setor de hipotecas americano.
Em comunicado divulgado de forma conjunta com a Secretaria do Tesouro e o FDIC (Fundo Garantidor de Depósitos), o Fed informou que disponibilizará financiamento adicional aos SVB e ao Signature Bank, de Nova York, que também entrou em colapso e sofreu intervenção do governo no domingo.
Uma outra instituição financeira, o banco Silvergate, especializado em criptomoedas, anunciou o encerramento de suas oprações após as ações perderem 98% do valor de mercado.
Segundo o Banco Central dos EUA, a medida tem o objetivo de “ajudar a garantir que os bancos tenham a capacidade de atender às necessidades de todos os seus depositantes”.
O Fed afirmou ainda que está “preparado para lidar com quaisquer pressões de liquidez que possam surgir”.
Segundo a nota, o Programa de Financiamento a Prazo do Banco (BTFP, na sigla em inglês) vai oferecer empréstimos de até um ano para os credores que utilizarem como garantia títulos do Tesouro dos EUA, dívidas de agências, títulos lastreados em hipotecas e outros “ativos qualificados”.
De acordo com o Fed, o programa “eliminará a necessidade de a instituição de vender rapidamente esses títulos em tempos de estresse”.
Por que o SVB quebrou
O SVB passava por apuros desde o ano passado, uma vez que o cenário de aumento de juros é desfavorável para as empresas de tecnologia, principais clientes do banco. Negócios de startups e empresas de alto crescimento demandam muito capital e, por isso, taxas mais elevadas encarecem o custo de captação e rolagem de dívidas.
Nesse quadro, as empresas precisam gerar mais recursos para pagar os custos financeiros ou reduzir as dívidas. Contudo, a maior parte das startups não atingiu o breakeaven (quando receitas são maiores do que despesas), o que agrava a situação financeira e aumenta o risco de inadimplência.
Para piorar, nos EUA, os títulos de crédito bancário e de dívida pública são prefixados (ou seja, a taxa de retorno é definida de acordo com os juros no momento do investimento). Quando a taxa básica de juros sobe, muitos investidores decidem resgatar as aplicações de forma antecipada e reaplicar o dinheiro com as taxas atuais, que estão maiores.
Diante disso, a carteira do SVB começou a se deteriorar. Analistas do setor financeiro começaram a produzir alertas sobre essa situação e os clientes correram para sacar recursos depositados, temendo uma insolvência do banco. A corrida pelos saques reduziu o caixa e empurrou o SVB de vez para a falência.
Fonte https://www.metropoles.com/negocios/fed-lanca-plano-de-emergencia-para-evitar-dia-sangrento-no-mercado